Idosos sentem falta de produtos direcionados
A geração dos millennials tem estado no centro das
conversas sobre consumo e comportamento, e as marcas têm elaborado estratégias
exclusivas para este público. Por outro lado, existe uma faixa etária ainda
pouco observada pelas empresas: os idosos. Uma pesquisa divulgada esta semana
pelo SPC (Serviço de proteção ao crédito) pela Confederação Nacional de
Dirigentes Lojistas (CNDL) mostra que 67% dos idosos são os únicos decisores
sobre as compras que fazem, mas três em cada dez (34%) afirmam sentir falta de
produtos para a terceira idade.
Para o levantamento, foram consultados 619 consumidores com idade
acima de 60 anos de ambos os gêneros e de todas as classes sociais nas 27
capitais brasileiras, entre agosto e setembro deste ano.
“Nas próximas quatro décadas a população da terceira idade deve
triplicar, chegando a mais de 66 milhões de pessoas, quase 30% da população. O
mercado, portanto, deve se preparar e conhecer cada vez melhor as especificidades
deste consumidor a fim ampliar sua participação no mercado e sua
lucratividade”, disse Honório Pinheiro, presidente da CNDL, em comunicado à
imprensa.
Embora a maioria dos idosos garanta ter autonomia para decidir
como gastar o próprio dinheiro, boa parte se ressente da falta de produtos
pensados para atender às suas necessidades. De acordo com 13% participantes, os
produtos que mais fazem falta são celulares com teclados e telas maiores,
seguidos de locais para diversão e roupas. Em relação às roupas, 17% acham que
é difícil comprar, uma vez que encontram peças para pessoas muito idosas ou
muito jovens.
“É um consumidor que nem todo mercado está preparado para tratar,
e não existem lojas especializadas. As marcas se preocupam com a geração atual
e esquecem uma grande massa de pessoas que detêm o capital e tomam as
decisões”, avalia Marcos Callegari, diretor de projetos da Escopo Geomarketing,
especializada em pesquisa de mercado.
Para ele, o setor de tecnologia tem pecado em atender essa
população, que já é grande, e assim perdido potencial de mercado. O setor automobilístico, por sua vez, tem aproveitado melhor
esta possibilidade. “Neste setor, quando falamos de carros de alto custo como
SUV’s, cerca de 60% dos decisores de compra têm mais de 60 anos. É um produto
pensado para a melhor idade, desde o conforto, design e acessibilidade”, conta
Marcos.
Quando se trata de atendimento e pontos de venda, 70% dos idosos
acreditam que é preciso haver melhorias. Três a cada dez idosos acreditam
ainda que os rótulos devem ser mais fáceis de serem lidos.
A pesquisa mapeou também os desejos de consumo da terceira idade.
Até o fim do ano, desconsiderando compras de produtos básicos para a
residência, os entrevistados pretendem comprar roupas (29%), viagens (20%) e
calçados (19%). Mais da metade dos entrevistados pretendem comprar produtos ou
serviços que demandam uma quantia financeira maior nos próximos 12 meses, como
viagens, eletrodomésticos e tratamentos dentários estéticos. Nos últimos
12 meses, 55% e 10% dos entrevistados fizeram viagens nacionais e
internacionais, respectivamente.
“Os idosos querem comprar produtos desenvolvidos especialmente
para eles, mas também desejam diversidade e qualidade. O momento é de
oportunidade de grande potencial em segmentos como os de lazer, serviços,
logística e saúde”, concluiu Honório.
Já os meios de comunicação mais consumidos pela terceira idade são
TV aberta (80%), rádio (50%), TV por assinatura (45%) e internet (43%). Ente os
conteúdos que interessam este público estão novelas, filmes e saúde.