Idosos estão mais ativos e consumistas
A população com mais de 60 anos deve movimentar a
bolada de R$ 402,30 bilhões em 2012, valor superior ao Produto Interno Bruto
(PIB) do Peru em 2011, de R$ 351 bilhões. Os homens vão contribuir com a maior
parte dos rendimentos (R$ 229,77 bilhões), contra R$ 172,53 bilhões das
mulheres. Os dados fazem parte de pesquisa feita pelo instituto Data Popular.
De cada 10 brasileiros idosos, sete pertencem à chamada nova classe média, com renda
familiar média de R$ 2,5 mil. “O dinheiro vem da aposentadoria e outras fontes
de renda. Essa faixa da população tem se mantido ativa por mais tempo”, observa
Renato Meirelles, sócio-diretor do Data Popular.
Os gastos dos maiores de 60 anos vão desde saúde
e medicamentos a roupas, viagens, cultura e bem-estar. O desafio da indústria,
dos serviços e do comércio agora é criar produtos que atendam esses
consumidores, que hoje são 23,5 milhões de brasileiros. “O que existe no
mercado são produtos adaptados para o idoso, o que é diferente de ter uma
oferta desenvolvida para essa faixa etária. A indústria ainda não enxerga
o velho”, aponta Viviane Café, especialista e consultora para terceira idade.
Segundo ela, o envelhecimento da população foi comparado a um tsunami e o
Brasil está apenas começando a perceber o fenômeno. “Não desenvolver produtos
ou serviços para os mais velhos é perder oportunidades.”
Hoje há uma visão mais otimista, um desejo de
aproveitar a vida”, diz Bira Miranda, diretor de planejamento da B1 Comunicação
e Marketing. Na sua avaliação, as empresas deveriam trabalhar melhor os
produtos para essa faixa da população. “As gôndolas dos supermercados, por
exemplo, poderiam ter altura e cores mais específicas para os idosos”, avalia
Miranda.
Cultura
Eles não querem só comida, querem diversão e
arte. O rock dos Titãs bem que poderia ser usado para explicar o desejo dos
maiores de 60 anos. Eles não comprometem a renda só com saúde e alimentos, mas
também com cultura. Aposentados como o ex-empresário da construção civil
Adalberto João Pinheiro, 73 anos, ajudam o mercado editorial brasileiro a
girar. “Leio de tudo, livros de história, biografias, romances”, conta o
aposentado que também não termina o dia sem ler dois jornais que compra
diariamente na banca. Adalberto gasta pelo menos R$ 200 por mês com livros.
“Para a grande parte dos aposentados, os livros pesam no orçamento. Custam, em
média, 10% do salário mínimo.” Além de consumidores, essa parcela da população
tem um outro peso. Como lembra o livreiro Alencar Perdigão, que tem 30% de sua
clientela formada pelos leitores mais velhos, eles fazem o gosto pelo
conhecimento seguir firme entre gerações mais jovens. “É um público que
frequenta a livraria também como ponto de encontro, para fugir da solidão
intelectual. Gostam de trazer seus netinhos e filhos, ensinam a eles a ter amor
pelos livros.”