Com aumento na expectativa de vida, idoso de hoje vive e trabalha mais
Hoje, uma em cada nove pessoas no mundo tem 60 anos e no Brasil os idosos
somam 26 milhões de pessoas, com expectativa de vida de 75,2 anos, segundo
dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2014.
Enquanto que para os homens a expectativa é de viver 71,6 anos, para elas a
média é de 78,6 anos, quase sete anos a mais. Diante de uma vida mais longa,
uma sociedade mais agitada e da tecnologia que mudou o jeito das pessoas se
comunicarem, como vive o idoso hoje?
Se há 30, 40 anos, os velhos eram tidos como carta fora do baralho por
conta da cultura da inatividade, que papel a terceira idade exerce
atualmente? Para a professora de Sociologia Sueli Cabral o sentimento de
finitude, da falta de serventia, que tomava conta de quem entrava na velhice no
século passado sofreu uma transformação. "Hoje ele é um protagonista. O
idoso está tomando o seu espaço. Ainda temos um longo caminho para atingir a
qualidade de vida, mas houve avanços significativos", destaca.
Prova disso é que está em crescimento a força de trabalho de pessoas com
mais de 60 anos, muitas já aposentadas. A Pesquisa Nacional de Amostras por
Domicílio Contínua do segundo trimestre deste ano aponta que 7,09% das pessoas
ocupadas no Brasil são idosas. Já um levantamento do SPC Serasa, divulgado
neste mês, 33,9% dos idosos que já estão aposentados continuam exercendo alguma
atividade profissional.
Em contrapartida, a nova configuração da sociedade, com famílias cada vez
menores e taxa de natalidade em queda, aliada à ocupação em tempo integral de
homens e mulheres trouxe uma nova problemática. A família tem dificuldades de
administrar os idosos que precisam de cuidados e não podem mais ficar sozinhos.
Um levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), de
2011, mostrou que 71% dos municípios não têm instituições para idosos e as que
existem, 65,2% são filantrópicas, 28,2% são privadas e 6,6% são públicas. Na
época, o Brasil tinha 3.548 instituições de longa permanência para idosos, em
que moravam 83.870 pessoas.
A zeladora aposentada Constança Garcia, 92 anos, há cinco meses vive no
Lar São Vicente de Paula, em Novo Hamburgo. Solteira por opção, não teve
filhos, e decidiu morar na casa porque não tem mais familiares que poderiam
acompanhá-la. Com a saúde em dia, sem tomar medicamentos, ao contrário da
maioria dos idosos que vivem no lar, Constança ocupa o tempo tricotando mantas
para os colegas e com as caminhadas diárias.
A nonagenária garante que é feliz e que não tem medo da morte. "Acho
que eu vou viver mais uns dois, três anos, que já está bom. Jamais pensei que
ia chegar até essa idade. É Deus que sabe, né", confessa entre risos. Para
ela, a sociedade não respeita mais o velho como antigamente. "No meu tempo
os avós eram como uns santos, hoje em dia, tratam mal", compara.